10 de nov. de 2011

Gênesis segundo o Chaves


Por Davi Lago 

Em 2005 o criador do seriado Chaves, Roberto Gómez Bolaños escreveu o livro “Diário do Chaves” (Objetiva). Nesta obra ele revela o conteúdo de um diário fictício do Chaves. O texto é muito inteligente, bem humorado e possui doses de ironia e denúncia social.
Chaves relata como foi abandonado num orfanato e como saiu de lá para ir morar numa vila. Ele conta as brigas que teve com o Quico, as confusões aprontadas com a Chiquinha e os tumultos envolvendo a Dona Florinda e o Seu Madruga.
Diversos trechos do diário são narrações sobre as aulas do Professor Girafales. Em várias aulas Chaves aprendeu as histórias do início do livro bíblico de Gênesis. A exposição que Chaves faz dessas histórias é engraçada:

Adão e Eva segundo Chaves
“No Paraíso era proibido comer maçãs. Mas um dia chegou uma cobra chamada Serpente, que aconselhou Adão e Eva a comerem várias maçãs. Ou seja, era uma cobra que já havia aprendido a falar”.


“Adão e Eva foram castigados por terem sido desobedientes. E, por isso, foram expulsos do Paraíso. Quem os expulsou foi um anjo que tinha uma espada como as que eram usadas na Guerra nas Estrelas”.


“Mas, além disso, receberam outros castigos. Por exemplo: Adão tinha que comer o pão que vinha do suor da sua testa. E Eva recebeu o castigo de sentir muita dor quando tivesse filhos. Mas, como não tinham outra coisa para fazer, dispararam a ter filhos”.

Noé segundo Chaves
“[Noé e sua família] entraram na Arca bem na hora, porque em poucos minutos começou a cair o Dilúvio, e como ainda não haviam sido inventados os escoadouros, as ruas começaram a inundar. Noé achava que os outros iam morrer de inveja, mas não foi assim; ele morreram afogados”.

A Torre de Babel segundo Chaves
“O professor continuou nos explicando tudo e disse que o que aconteceu na Torre de Papel [Torre de Babel] foi que todos começaram a notar que cada um falava um idioma diferente (mas não esclareceu se em seguida eram dublados ou se colocavam legendas)”.

O “Diário do Chaves” é muito pertinente: nos arranca boas gargalhadas, mas também nos leva a refletir sobre a vida num mundo cheio de miséria. O interessante é que mesmo em meio à muita pobreza, Chaves tem uma visão otimista da vida e, como afirma o autor, um coração cheio de fé.