10 de nov. de 2011

Porque as pessoas são fissuradas em postar e ver fotos no Facebook


Uma breve reflexão
Por Davi Lago


O que leva um indivíduo expor sua intimidade publicamente?

O ávido desejo de ver e ser visto é uma das características marcantes da cultura contemporânea. Um dos sinais mais evidentes desse anseio por aparecer são as redes sociais, onde os indivíduos alimentam verdadeiros confessionários eletrônicos.

No centro dessas redes está o intercâmbio de informações pessoais. Os usuários ficam felizes por revelarem detalhes íntimos de suas vidas pessoais e compartilharem fotografias.

As primeiras máquinas fotográficas, feitas na França e na Inglaterra no início da década de 1840, só contavam com os inventores para operá-las.

Hoje, a fotografia é um rito social universal. Fala-se em viciados em fotografia e indivíduos que são foto-dependentes.

No princípio, a força da fotografia estava em imortalizar pessoas e eventos. A fotografia era a prova incontestável de que um evento ocorreu. A foto era uma testemunha da verdade.

Contudo, creio que hoje a força da fotografia está no seu poder de mudar a realidade. Por meio de fotos postadas nas redes sociais virtuais, cada pessoa constrói uma crônica visual de si mesma. Através dessas fotos selecionadas e muitas vezes adulteradas o indivíduo inventa para si uma segunda vida, o que não passa de uma auto-afirmação juvenil.

Enfim, no código visual contemporâneo a insaciabilidade dos olhos foi legitimada. É legítimo vigiar a intimidade alheia. Não existe mais invasão de privacidade, mas uma liberação voluntária onde é normal que as pessoas vigiem a vida umas das outras.

Qual a razão disso?

Creio que é porque vivemos na sociedade do supérfluo. Nesse mundo, o homem fica completamente envolvido na vida dos outros porque a dele próprio carece de significado.