9 de nov. de 2011

Pensar a fé



Por Davi Lago

A Escritura nos convida a pensar a vida e a fé.

Jesus, por exemplo, disse que devemos amar a Deus de todo coração, alma e entendimento (Mt 22.37).

O teólogo John Piper afirma que “amar a Deus de todo entendimento significa engajar totalmente o nosso pensar para fazer tudo o que puder para despertar e expressar a plenitude de valorizar a Deus acima de todas as coisas”[1].

No entanto, muitos cristãos contemporâneos não conseguem se comunicar como seres pensantes.

O teólogo reformado R. C. Sproul chegou a afirmar que este é o período mais antiintelectual da história da igreja[2].  O escritor cristão Harry Blamires asseverou na mesma direção: “Infelizmente a mente cristã sucumbiu à deriva secular com um grau de fraqueza e falta de coragem sem paralelo na história do cristianismo”[3].

Esse irracionalismo dentro da igreja talvez seja um reflexo do irracionalismo da sociedade como um todo. Vivemos num mundo marcado mais pelas emoções do que pela razão. É inegável que a razão hodierna é orientada para fins imediatistas.

Se a modernidade foi caracterizada por propósito, ordem e confiança na razão; vivemos na pós-modernidade tempos de diversão, anarquia e irracionalidade. Como afirma o filósofo Gilles Lipovetsky: “o mundo hipermoderno está desorientado, inseguro, desestabilizado, não ocasionalmente, mas no cotidiano, de maneira estrutural e crônica”[4].

É urgente, portanto, o convite à pensar a vida e a fé. Que possamos abandonar a anestesia reflexiva e responder positivamente ao convite de Deus:

“ 'Venham, vamos refletir juntos', diz o SENHOR” (Isaías 1.18).


[1] PIPER, John. Pense. São José dos Campos: Fiel, 2011, p.122.
[2] CRAIG, William Lane; MORELAND, J. P. Filosofia e cosmovisão cristã. São Paulo: EVN, 2005, p. 28.
[3] BLAMIRES, Harry. A mente cristã. São Paulo: Shedd, 2006, p.15.
[4] LIPOVETSKY, Gilles; SERROY, Jean. A cultura-mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.18.