18 de jun. de 2013

Como o cristão deve se submeter às autoridades civis?


Por Davi Lago

O cristão é um estrangeiro e peregrino nesta terra (Hb 11.13; 1Pe 2.11), portanto, ele não pode ver nenhum país terreno como seu lar definitivo: “A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3.20). No entanto, a Bíblia ensina que o crente deve zelar pela sua pátria terrena, orar por ela e exercer sua cidadania de forma responsável.


A submissão cristã aos governantes não é cega e irrestrita

A Escritura comanda os cristãos a serem submissos às autoridades civis. Paulo escreveu a Tito: “Lembre a todos que se sujeitem aos governantes e às autoridades, sejam obedientes, estejam sempre prontos a fazer tudo o que é bom” (Tt 3.1). O texto de Romanos 13.1-7 destaca a importância da submissão do cristão às autoridades civis. Está escrito: “Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há autoridade que não venha de Deus” (Rm 13.1). Fica claro que Deus é a fonte de toda autoridade e que todo crente deve ser submisso aos governantes para que a sociedade viva em ordem e paz. O apóstolo Pedro nos alerta que a obediência a autoridade civil deve ocorrer por causa de Deus: “Por causa do Senhor, sujeitem-se a toda autoridade constituída entre os homens; seja ao rei, como autoridade suprema, seja aos governantes, como por ele enviados para punir os que praticam o mal e honrar os que praticam o bem” (1Pe 2.13-14). Ou seja, Jesus Cristo é o Senhor supremo. A submissão ao governo é “por causa do Senhor”, e não por causa do próprio governo. O texto de Pedro “desdiviniza” as instituições governamentais e seus representantes. Cristo é nosso Senhor e tudo que fazemos deve ser para sua glória.
No entanto, essa obediência deve ser exercida sempre de forma crítica. Quando uma lei civil chocar-se com a lei de Deus, o cristão deve partir para a desobediência civil. A submissão aos governantes não é cega e irrestrita. Não se trata de servilismo, mas de submissão consciente e crítica. Sempre que for decretada uma lei que contradiga a Palavra de Deus, a desobediência civil torna-se um dever cristão. Há notáveis exemplos disso nas Escrituras.
Quando o faraó ordenou que as parteiras hebreias matasse os meninos que nascessem, elas se recusaram a obedecer. “Todavia, as parteiras temeram a Deus e não obedeceram às ordens do rei do Egito deixaram viver os meninos” (Êx 1.17). Quando o rei Nabucodonosor emitiu um decreto de que todos os seus súditos deveriam prostrar-se e adorar sua imagem de ouro, Sadraque, Mesaque e Abede-nego recusaram-se a obedecer (Dn 3). Quando o rei Dario emitiu um decreto de que por 30 dias ninguém deveria orar “a qualquer deus ou a qualquer homem”, exceto a ele mesmo, Daniel recusou-se a obedecer (Dn 6.7). E quando o Sinédrio baniu a oração em nome de Jesus, os apóstolos recusaram-se a obedecer (At 4.18). Todas essas recusas foram heroicas, apesar das ameaças que acompanhavam esses editos. Em cada um desses casos, a desobediência civil envolvia um risco pessoal muito grande, além da possível perda da vida. 


O cristão vai além do protesto, ele intercede

O cristão não pode depositar sua fé e esperança nos políticos: “Não confiem em príncipes, em meros mortais, incapazes de salvar” (Sl 146.3), mas deve orar por eles: “Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens; pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade. Isso é bom e agradável a Deus, nosso Salvador, que deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2.1-4).
O cristão deve interceder em favor dos governantes por duas razões. A primeira é que, como resultado benéfico delas, os cristãos podem esperar uma vida tranquila e pacífica. Ou seja, não sendo expostos à suspeita de deslealdade, terão licença de praticar sua religião sem medo de serem molestados. A segunda razão é mais profunda: a intercessão pelos governantes é importante por causa da salvação de suas vidas. O cristão deve orar para que o evangelho alcance o coração das autoridades.