Por Davi Lago
“Pois estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio do
homem que designou. E deu provas disso a todos, ressuscitando-o dentre os
mortos” (At 17.31).
A ressurreição
de Cristo é uma evidência objetiva de que o cristianismo é verdadeiro. “Se
Cristo não ressuscitou, é inútil a nossa pregação, como também é inútil a fé
que vocês têm” (1Co 15.14). Mas Jesus ressuscitou, apareceu diante de seus
discípulos “e deu-lhes muitas provas indiscutíveis de que estava vivo” (At
1.3). A ressurreição significa que Jesus Cristo é exatamente aquilo que ele
afirmou ser: o Filho de Deus. Jesus Cristo é Deus em carne.
Jesus afirmou
que morreria e ressuscitaria três dias depois. E fez isso várias vezes: “É necessário que o
Filho do homem sofra muitas coisas e seja rejeitado pelos líderes religiosos,
pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da lei, seja morto e ressuscite no
terceiro dia” (Lc 9.22); “Jesus lhes respondeu: ‘Destruam este templo, e eu o
levantarei em três dias’. Os judeus responderam: ‘Este templo levou quarenta
anos para ser edificado e o senhor vai levantá-lo em três dias?’. Mas o templo
do qual ele falava era o seu corpo” (Jo 2.19-21). E, de fato, Jesus
ressuscitou.
Podemos pontuar
alguns aspectos sobre a ressurreição de Cristo:
Jesus morreu realmente: A ressurreição
pressupõe a morte física. A fim de ressuscitar dentre os mortos, era necessário
que Jesus tivesse morrido. Esse é um fato evidente que pode ser deduzido à base
da sua crucificação. De acordo com o que nos conta Marcos, Jesus foi pregado à
cruz às nove horas da manhã e permaneceu lá até às três horas da tarde (Mc
15.25,33). Contudo, há aqueles que asseveram que Jesus não morreu de verdade. A
doutrina islâmica, por exemplo, declara que Jesus nunca morreu. Os muçulmanos
dizem que os judeus afirmaram ter matado Jesus, contudo “eles não o mataram nem
o crucificaram, mas para eles pareceu que foi, pois Alá o levou para o céu”
(Sura 4.157,158). Jesus, então, só deu vistas de ter sido crucificado, na
verdade, ele foi exaltado e ascendeu diretamente ao céu sem jamais ter morrido.
De acordo com a tradição muçulmana, outra pessoa foi crucificada erradamente
pelos romanos. Outra teoria que nega a morte de Jesus na cruz admite que ele
foi crucificado, mas afirma que Jesus somente desfaleceu, ou ficou inconsciente
na cruz. Ambas essas teorias estão completamente equivocadas. Os soldados
romanos tiveram a certeza de que Jesus já havia morrido, e não tiveram que lhe
provocar a morte, quebrando-lhe as pernas, conforme aconteceu aos outros dois,
que tinham sido crucificados ao mesmo tempo. Foram os inimigos, e não os amigos
de Jesus, que confirmaram a sua morte.
Jesus foi sepultado fisicamente: De acordo com
todos os quatro evangelhos, Jesus não foi sepultado em um cemitério ou campo
aberto, mas em um sepulcro escavado na rocha. Paulo escreveu em 1Coríntios
15.3-5: “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi
sepultados e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a
Pedro e depois ais Doze”. No período em que esse texto foi escrito, como as
testemunhas de Jerusalém estavam vivas, elas poderiam desmentir Paulo afirmando
que não houve sepultamento de Jesus. Contudo, isso não ocorreu. Além disso, não
havia tempo suficiente para que uma lenda a respeito do sepultamento de Cristo
tivesse surgido e sido aceita por todos. O próprio Paulo esteve por duas
semanas em Jerusalém (Gl 1.18) e lá pode confirmar o fato de que todos sabiam
que Jesus foi sepultado. Outro ponto importante é considerar a figura de José
de Arimateia. Nenhum acadêmico sério de nosso tempo afirma que José é uma invenção
dos primeiros cristãos, sobretudo por se afirmar que ele era um membro do
Sinédrio, fato que poderia ser facilmente desmentido. Além disso, até mesmo
detalhes incidentais que os evangelhos fornecem sobre José corroboram sua
existência histórica. As narrativas afirmam que ele era rico (o que justifica o
tipo de túmulo) e que ele era de Arimateia (um lugar sem nenhuma importância e
simbolismo na Bíblia).
Jesus ressuscitou: Três dias após sua morte, Jesus
ressuscitou. “E eis que sobreveio um grande terremoto, pois um anjo do Senhor
desceu dos céus e, chegando ao sepulcro, rolou a pedra da entrada e assentou-se
sobre ela. O anjo disse às mulheres: ‘Não tenham medo! Sei que vocês estão
procurando Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui; ressuscitou como
tinha dito’” (Mt 28.2,5,6). “Vocês estão procurando Jesus, o Nazareno, que foi
crucificado. Ele ressuscitou! Não está aqui. Vejam o lugar onde o haviam posto”
(Mc 16.6). “Por que vocês estão procurando entre os mortos aquele que vive? Ele
não está aqui! Ressuscitou!” (Lc 24. 5-6). “Cristo morreu pelos nossos pecados,
segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as
Escrituras” (1Co 15.3-4).
William Lane Craig apontou três
evidências da ressurreição de Cristo:
Primeira
evidência: o túmulo vazio. A história da
ressurreição de Cristo não teria durado um minuto se o corpo de Jesus estivesse
na tumba. Contudo, há grandes evidências que comprovam o fato de que o túmulo
de Jesus ficou vazio.
Quando os
discípulos foram ver o túmulo onde o corpo morte de Jesus fora previamente
depositado, eis que o mesmo estava vazio. Todos os quatro evangelhos narram que
o sepulcro foi achado vazio. Os discípulos de Cristo não foram embora para
Atenas ou Roma pregar o Cristo ressurgido dos mortos; eles voltaram direto para
a cidade de Jerusalém onde, se o que eles estavam ensinando fosse falso, a sua
mensagem seria contestada.
A ressurreição
não poderia ser mantida por um momento em Jerusalém se a sepultura não
estivesse vazia. Se os judeus tivessem conseguido mostrar o corpo de Jesus,
isso teria derrubado a reivindicação de seus seguidores de que ele havia
ressuscitado. Mas o túmulo estava vazio.
O relato bíblico
mostra que os judeus acusaram os discípulos de Jesus de terem roubado seu corpo
do sepulcro. Há uma interessante evidência arqueológica disso. Os arqueólogos
encontraram uma laje de mármore branca que contém uma inscrição de um decreto de
César datada de 45 a
50 d.C. O decreto ordena que os sepulcros “permanecerão intocáveis para sempre”
e determina que todo aquele que retirar os corpos dos sepulcros estarão
sujeitos à pena de morte. Há amplo consenso entre os historiadores de que
Cláudio – que foi César de 41 a
54 d.C. – associou o roubo de corpos de sepulcros com as perturbações em Roma
entre judeus e cristãos durante seu reinado. Tanto é, que em 49 d.C., Cláudio
expulsou todos os judeus de Roma por causa dessas perturbações, as quais Suetônio,
o escritor romano da biografia de Cláudio, culpou “Chrestos”, ou melhor,
Cristo. Contudo, mesmo que os discípulos tivessem tido a oportunidade de roubar
o corpo, eles não tinham motivo para fazer isso. A execução de Jesus em uma
cruz o teria marcado aos olhos deles como falso profeta e falso Messias. Porque
eles roubariam o corpo? Ninguém jamais conseguiu dar uma resposta convincente a
essa pergunta. Tudo isso comprova que Jesus não estava mais no túmulo.
Há pontos
interessantes a se levar em conta:
O
túmulo vazio foi descoberto por mulheres. Dado o relativo baixo status que
as mulheres ocupavam na sociedade judaica e sua "pequena qualificação" para
servir como testemunha legal, é surpreendente o fato de que foram mulheres que
descobriram o túmulo vazio. Se, de fato, não fossem mulheres que tivessem
descoberto o túmulo vazio, por que a igreja afirmaria isso e humilharia seus
líderes afirmando que esses permaneceram escondidos em Jerusalém como covardes?
Além disso, os nomes das mulheres citadas eram conhecidos por toda a igreja
primitiva e seria muito fácil desmenti-las caso elas não tivessem visto o
túmulo vazio primeiro.
A
investigação que Pedro e João fizeram do túmulo vazio é historicamente
provável.
A visita dos discípulos à tumba vazia é extremamente plausível porque eles
estavam em Jerusalém.
Seria
impossível para os discípulos anunciarem a ressurreição em Jerusalém se a tumba
não estivesse vazia.
O túmulo vazio é a condição sine qua non
do anúncio da ressurreição de Cristo. A pregação dos discípulos não duraria um
minuto se o corpo de Jesus estivesse sepultado.
Os
próprios opositores do cristianismo não negaram o fato do túmulo vazio. Os judeus
opositores à fé cristã em nenhum momento negaram que o túmulo estivesse vazio,
pelo contrário, acusaram os discípulos de terem roubado o corpo de Jesus. Essa
é uma evidência muito persuasiva de que o túmulo estava vazio.
O
fato de que o túmulo de Jesus não foi venerado indica que ele estava vazio. Os judeus
veneravam e preservavam os túmulos dos profetas e homens santos. Essa veneração
era aspecto importante na religião judaica. Contudo não existe o mínimo
vestígio de que o túmulo de Jesus foi venerado. A razão para isso é que ele
estava vazio.
Somadas, essas evidências são um forte
argumento para comprovar que o túmulo de Jesus estava vazio.
Segunda
evidência: as aparições de Jesus
ressuscitado. Há grande comprovação histórica de que Jesus
foi visto depois de morto por várias pessoas. Em 1Coríntios 15.3-5 Paulo afirma
que Jesus apareceu a Pedro e aos demais discípulos, e prossegue dizendo:
“Depois disso apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos
quais ainda vive, embora alguns já tenham adormecido. Depois apareceu a Tiago
e, então, a todos os apóstolos; depois destes apareceu também a mim, como a um
que nasceu fora de tempo” (1Co 15.6-8). Essas informações de Paulo foram
escritas muito próximas aos eventos e, por isso, não podem ser lendas. A
maioria das quinhentas pessoas que viram Jesus ressurreto poderia ser
questionada para comprovar a história.
Houve, ao todo, treze diferentes
aparições de Jesus sob as mais diferentes condições e circunstâncias
concebíveis. Ele apareceu no jardim do túmulo, próximo a Jerusalém, no
cenáculo, no caminho para Emaús, ao lado do mar da Galileia, em uma montanha na
Galileia e no monte das Oliveiras. Jesus apareceu quando Maria Madalena estava
chorando, quando as mulheres estavam temerosas, quando Pedro estava cheio de
remorso, e Tomé, cheio de incredulidade. É muito importante observar nesse ponto
a sinceridade dos relatos dos evangelhos. No mundo do século I, mulheres (além
de presos condenados, escravos e menores de idade) não eram consideradas
testemunhas confiáveis. Não obstante, os quatro evangelhos afirmam que foram
mulheres que descobriram que o túmulo estava vazio.
Terceira
evidência: a origem da crença dos
discípulos na ressurreição de Jesus. Por que os discípulos acreditariam que
Jesus ressuscitou se de fato ele não tivesse ressuscitado? Não há explicação
satisfatória para essa pergunta a não ser admitir que Jesus realmente
ressuscitou dentre os mortos. É importante notar que os judeus acreditavam na
ressurreição, como comprovam os textos de Isaías 26.19, Ezequiel 37 e Daniel
12.2. Contudo, eles acreditavam que a ressurreição seria no fim do mundo e não
no meio da história, e também que a ressurreição seria para todas as pessoas e
não para um indivíduo isolado. Portanto, os discípulos de Jesus só poderiam
crer na ressurreição de Jesus e morrer afirmando que o viram depois da morte,
se verdadeiramente Jesus tivesse ressuscitado e aparecido para eles.
Quando Jesus
morreu, seus seguidores temeram pela própria vida. Ficaram tão receosos que não
conseguiram nem cumprir com a obrigação básica de amigos íntimos, que era a de
sepultar seu mestre. Os discípulos estavam angustiados e desesperados. A vida
tinha perdido seu significado e propósito. Mas quando a ressurreição de Jesus
ficou patenteada, a vida adquiriu uma nova significação. Agora havia propósito
e razão para a existência. Eles deixaram seu esconderijo para pregar a
ressurreição e, como consequência, muitos foram martirizados.
É importante
frisar que, ninguém em sã consciência morre por algo que sabe ser falso. Talvez
a transformação dos discípulos de Jesus seja, de todas, a maior evidência da
ressurreição, pois é totalmente natural. Eles não nos convidam a olhar para
eles mesmos, mas para o túmulo vazio, para as vestes largadas ali e para o
Senhor a quem eles viram. Podemos ver a mudança que neles ocorreu, sem que nos
peçam para observar isso. O livro bíblico que vem depois dos evangelhos,
chama-se “Atos dos Apóstolos”. Nesse livro está registrado o início da história
do cristianismo, com as primeiras ações dos discípulos de Jesus. É muito claro
que os simples discípulos de Jesus, que eram homens fracos e vacilantes,
tornam-se pregadores corajosos e destemidos. A morte do seu Mestre os deixara
desapontados e desiludidos. Contudo, no livro de Atos, eles emergem como homens
que põem em risco sua vida em nome de Jesus Cristo.
Além disso,
podemos ainda ressaltar outros fatos:
A incredulidade de Tomé: As primeiras
notícias vitoriosas sobre a ressurreição de Jesus já estavam correndo. Em certo
momento, Jesus apareceu para todos os apóstolos, exceto Tomé, que estava
ausente. Quando Tomé voltou e soube da aparição de Jesus, não quis acreditar:
“Se eu não vir as marcas dos pregos nas suas mãos, não colocar o meu dedo onde
estavam os pregos e não puser a minha mão no seu lado, não crerei” (Jo 20.25).
Tomé queria ver e tocar em Cristo para crer. Em outro dia, Jesus reapareceu aos
discípulos e desta vez Tomé estava presente. Jesus então ofereceu a
oportunidade da prova, censurando a Tomé. Então, Tomé disse: “Senhor meu e Deus
meu!” (Jo 20.28) reconhecendo em Cristo o supremo e eterno Salvador, o próprio
Deus. A atitude de Tomé transformou-se numa extraordinária prova da
ressurreição de Jesus Cristo, como disse Agostinho: “ele duvidou para que nós
crêssemos”.
O testemunho de Paulo: E quanto a
Paulo, o perseguidor dos cristãos? Esse judeu fanático tanto odiou os
seguidores de Cristo que obteve permissão especial para ir para as outras
cidades e encarcerar os cristãos. Ele devastava a igreja. Mas algo também
aconteceu a esse opressor. Ele mudou de antagonista para protagonista de Jesus.
Ele foi transformado de assassino em missionário cristão. Ele passou de cruel
inquisidor dos cristãos para um dos maiores propagadores da fé cristã. Paulo
começou a confundir as autoridades judaicas “provando que Jesus era o Cristo”,
o Filho de Deus (At 9.22). Paulo foi morto em consequência de sua devoção a
Cristo. O que aconteceu com Paulo? A explicação histórica está na declaração do
próprio Paulo: “E por derradeiro de todos [Cristo] apareceu também a mim” (1Co
15.8). A ressurreição de Jesus é a explicação da transformação desses homens. A
ressurreição de Jesus foi o tema central da pregação dos apóstolos. Apesar de
todas as coisas maravilhosas que Jesus ensinou aos discípulos, o tema dominante
da pregação apostólica foi a ressurreição de Cristo. Em todo lugar e “com
grande poder os apóstolos continuavam a testemunhar da ressurreição do Senhor
Jesus” (At 4.33).
A reação dos que rejeitavam a Cristo: Além de tudo
isso, cabe ressaltar que a reação das autoridades judaicas também é testemunho
do fato da ressurreição de Cristo. Eles não apresentaram o corpo, nem
organizaram uma busca. Pelo contrário, subornaram os soldados que guardavam o
túmulo para mentir (Mt 28.11-15) e lutaram contra os discípulos que
testificaram que viram o corpo vivo. O fato de confrontar, em vez de refutar,
as reivindicações dos discípulos comprova a realidade da ressurreição. A
ressurreição de Jesus Cristo e o cristianismo ou permanecem ou caem juntos. A
fé cristã depende de Jesus ter ou não ressuscitado verdadeiramente dentre os
mortos. Sem ressurreição não há cristianismo. O apóstolo Paulo escreveu: “Se
não há ressurreição dos mortos, nem Cristo ressuscitou; e, se Cristo não
ressuscitou, é inútil a nossa pregação, como também é inútil a fé que vocês
têm” (1Co 15.13-14). Mas a ressurreição de Jesus foi um acontecimento histórico
objetivo. Graças a Deus pela ressurreição de Jesus Cristo. Porque Cristo vive
podemos crer no amanhã. Porque Jesus levantou do túmulo, podemos ter certeza
que nossa fé não é vã. O cristianismo é verdadeiro e a ressurreição de Cristo
prova isso.
Bibliografia
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