4 de nov. de 2011

A espiritualidade de Steve Jobs

O que o gênio da Apple pensava sobre Deus, Cristo e salvação

    

Por Davi Lago

Steve Jobs contou tudo o que pode de sua vida, com exclusividade, para o repórter Walter Isaacson, da revista Time. O resultado dessa série de conversas que durou dois anos é a biografia oficial de Steve Jobs, lançada esse mês pela Companhia das Letras.
O livro indica em diversos trechos que Steve Jobs queria crer em Deus, mas em determinados momentos de sua vida não conseguia crer. No entanto, fica claro em vários de seus depoimentos que ele tinha uma grande abertura para a fé e realmente queria acreditar na vida após a morte.


Steve Jobs abandona a igreja luterana


Na biografia, Steve Jobs revelou que era frequentador de uma igreja luterana na sua infância. No entanto, aos 13 anos de idade, Jobs discutiu com seu pastor sobre Deus e o problema do sofrimento humano. Como o clérigo não soube responder suas perguntas com propriedade, Steve Jobs decidiu nunca mais voltar a igreja.


Steve Jobs e sua jornada espiritual na Índia


Aos 19 anos, Jobs tornou-se vegetariano radical, zen-budista e consumidor de LSD. Havia um grande anseio pelo trascendente em seu interior. Esse anseio o levou a viver sete meses na Índia. Sobre essa esperiência Jobs disse: “Para mim, era uma busca séria. Eu estava ligado a uma ideia de iluminação e tentando descobrir quem eu era e como eu me encaixava nas coisas”[1]. Um dos grandes amigos de Jobs, Daniel Kottke afirmou: “Havia um buraco nele, e ele tentava preenchê-lo”[2].
O biógrafo Isaacson disse: “O interesse pela espiritualidade oriental, o hinduísmo, o zen-budismo e a busca por iluminação não era apenas uma fase passageira de um garoto de dezenove anos. Ao longo de sua vida, ele tentaria seguir muitos dos preceitos básicos das religiões orientais”[3].


Steve Jobs e seus acordos com Deus


Posteriormente, Steve Jobs afirmou sobre seu filho Reed Jobs: “Quando fui diagnosticado com câncer, fiz um acordo com Deus, ou seja lá quem for, que era que eu realmente queria ver Reed se formar”[4].


Steve Jobs, Jesus e o cristianismo


Sobre a fé cristã Jobs disse: “O cristianismo perde sua essência quando fica baseado demais na fé em vez de viver como Jesus ou ver o mundo como Jesus o viu. Acho que as diferentes religiões são portas diferentes para a mesma casa. Às vezes, acho que a casa existe, e às vezes não. É o grande mistério”[5].


Últimas considerações de Steve Jobs sobre Deus e a vida após a morte


Jobs afirmou bem no fim da vida: “Sobre acreditar em Deus, sou mais ou menos meio a meio. Durante a maior parte de minha vida achei que deve haver algo mais na nossa existência do que aquilo que vemos. Gosto de pensar que alguma coisa sobrevive quando morremos. É estranho pensar que a gente acumula tanta experiência, talvez um pouco de sabedoria, e tudo simplesmente desaparece. Por isso eu quero realmente acreditar que alguma coisa sobrevive, que talvez nossa consciência perdure. Mas, por outro lado, talvez seja como um botão de liga-desliga, Clique e a gente já era. Talvez seja por isso que eu jamais gostei de colocar botões  de liga-desliga nos aparelhos da Apple”[6].




[1] ISAACSON, Walter. Steve Jobs. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.64.
[2] ISAACSON, Walter. Steve Jobs. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.64.
[3] ISAACSON, Walter. Steve Jobs. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.67.
[4] ISAACSON, Walter. Steve Jobs. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.287.
[5] ISAACSON, Walter. Steve Jobs. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.33.
[6] ISAACSON, Walter. Steve Jobs. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.586.