29 de nov. de 2011

10 de nov. de 2011

A angústia de ser atendido por pessoas com má vontade



Uma reflexão sobre trabalho e excelência
Por Davi Lago

É angustiante ser atendido por pessoas com má vontade, semblante oprimido e falta de educação.

O rei Salomão afirmou em um de seus provérbios: “Você já observou um homem habilidoso em seu trabalho? Será promovido ao serviço real; não trabalhará para gente obscura” (Pv 22.29).

Salomão se refere a “homens habilidosos em seu trabalho”, o que indica que há trabalhadores que não são habilidosos, mas medíocres, preguiçosos e desinteressados. Há trabalhadores que fazem tudo com excelência, mas há outros que fazem apenas o necessário, ou até mesmo menos que o necessário. Os trabalhadores habilidosos são aqueles que tem zelo naquilo que fazem. São aqueles que vão além do que lhe pedem e estão acima da média.

Salomão respeitava os homens habilidosos e ao que tudo indica procurava cercar-se deles em seu reinado. Afinal, os habilidosos são “promovidos ao serviço real”. Esses trabalhadores inspiram os outros, perceba também o encanto de Salomão na frase “você já observou um homem habilidoso em seu trabalho?”. O rei estava sempre de olho em quem laborava com competência e procurava recompensá-los.

Creio que nenhuma pessoa razoável tem prazer em trabalhar para “gente obscura”. Na sociedade meritocrática em que vivemos, em tempos de acirrada concorrência profissional, os piores trabalhadores têm poucas chances de serem bem sucedidos. Ser um trabalhador complacente, acomodado, conformado, relaxado e preguiçoso é assinar um atestado de óbito profissional.

Infelizmente o que mais existe é gente indolente. Os péssimos profissionais não precisam ser plantados, parece que eles brotam como ervas daninhas.

Para uma pessoa ter chances promoção profissional ela precisa ampliar sua visão de mundo, capacitar-se e trabalhar com todo esmero possível. Mova-se, atualiza-se, não menospreze as pequenas oportunidades. Trabalhe para deixar um legado. Trabalhe com excelência e faça algo que vai sobreviver depois de sua vida.

Porque as pessoas são fissuradas em postar e ver fotos no Facebook


Uma breve reflexão
Por Davi Lago


O que leva um indivíduo expor sua intimidade publicamente?

O ávido desejo de ver e ser visto é uma das características marcantes da cultura contemporânea. Um dos sinais mais evidentes desse anseio por aparecer são as redes sociais, onde os indivíduos alimentam verdadeiros confessionários eletrônicos.

No centro dessas redes está o intercâmbio de informações pessoais. Os usuários ficam felizes por revelarem detalhes íntimos de suas vidas pessoais e compartilharem fotografias.

As primeiras máquinas fotográficas, feitas na França e na Inglaterra no início da década de 1840, só contavam com os inventores para operá-las.

Hoje, a fotografia é um rito social universal. Fala-se em viciados em fotografia e indivíduos que são foto-dependentes.

No princípio, a força da fotografia estava em imortalizar pessoas e eventos. A fotografia era a prova incontestável de que um evento ocorreu. A foto era uma testemunha da verdade.

Contudo, creio que hoje a força da fotografia está no seu poder de mudar a realidade. Por meio de fotos postadas nas redes sociais virtuais, cada pessoa constrói uma crônica visual de si mesma. Através dessas fotos selecionadas e muitas vezes adulteradas o indivíduo inventa para si uma segunda vida, o que não passa de uma auto-afirmação juvenil.

Enfim, no código visual contemporâneo a insaciabilidade dos olhos foi legitimada. É legítimo vigiar a intimidade alheia. Não existe mais invasão de privacidade, mas uma liberação voluntária onde é normal que as pessoas vigiem a vida umas das outras.

Qual a razão disso?

Creio que é porque vivemos na sociedade do supérfluo. Nesse mundo, o homem fica completamente envolvido na vida dos outros porque a dele próprio carece de significado.

Gênesis segundo o Chaves


Por Davi Lago 

Em 2005 o criador do seriado Chaves, Roberto Gómez Bolaños escreveu o livro “Diário do Chaves” (Objetiva). Nesta obra ele revela o conteúdo de um diário fictício do Chaves. O texto é muito inteligente, bem humorado e possui doses de ironia e denúncia social.
Chaves relata como foi abandonado num orfanato e como saiu de lá para ir morar numa vila. Ele conta as brigas que teve com o Quico, as confusões aprontadas com a Chiquinha e os tumultos envolvendo a Dona Florinda e o Seu Madruga.
Diversos trechos do diário são narrações sobre as aulas do Professor Girafales. Em várias aulas Chaves aprendeu as histórias do início do livro bíblico de Gênesis. A exposição que Chaves faz dessas histórias é engraçada:

Adão e Eva segundo Chaves
“No Paraíso era proibido comer maçãs. Mas um dia chegou uma cobra chamada Serpente, que aconselhou Adão e Eva a comerem várias maçãs. Ou seja, era uma cobra que já havia aprendido a falar”.


“Adão e Eva foram castigados por terem sido desobedientes. E, por isso, foram expulsos do Paraíso. Quem os expulsou foi um anjo que tinha uma espada como as que eram usadas na Guerra nas Estrelas”.


“Mas, além disso, receberam outros castigos. Por exemplo: Adão tinha que comer o pão que vinha do suor da sua testa. E Eva recebeu o castigo de sentir muita dor quando tivesse filhos. Mas, como não tinham outra coisa para fazer, dispararam a ter filhos”.

Noé segundo Chaves
“[Noé e sua família] entraram na Arca bem na hora, porque em poucos minutos começou a cair o Dilúvio, e como ainda não haviam sido inventados os escoadouros, as ruas começaram a inundar. Noé achava que os outros iam morrer de inveja, mas não foi assim; ele morreram afogados”.

A Torre de Babel segundo Chaves
“O professor continuou nos explicando tudo e disse que o que aconteceu na Torre de Papel [Torre de Babel] foi que todos começaram a notar que cada um falava um idioma diferente (mas não esclareceu se em seguida eram dublados ou se colocavam legendas)”.

O “Diário do Chaves” é muito pertinente: nos arranca boas gargalhadas, mas também nos leva a refletir sobre a vida num mundo cheio de miséria. O interessante é que mesmo em meio à muita pobreza, Chaves tem uma visão otimista da vida e, como afirma o autor, um coração cheio de fé.

9 de nov. de 2011

Pensar a fé



Por Davi Lago

A Escritura nos convida a pensar a vida e a fé.

Jesus, por exemplo, disse que devemos amar a Deus de todo coração, alma e entendimento (Mt 22.37).

O teólogo John Piper afirma que “amar a Deus de todo entendimento significa engajar totalmente o nosso pensar para fazer tudo o que puder para despertar e expressar a plenitude de valorizar a Deus acima de todas as coisas”[1].

No entanto, muitos cristãos contemporâneos não conseguem se comunicar como seres pensantes.

O teólogo reformado R. C. Sproul chegou a afirmar que este é o período mais antiintelectual da história da igreja[2].  O escritor cristão Harry Blamires asseverou na mesma direção: “Infelizmente a mente cristã sucumbiu à deriva secular com um grau de fraqueza e falta de coragem sem paralelo na história do cristianismo”[3].

Esse irracionalismo dentro da igreja talvez seja um reflexo do irracionalismo da sociedade como um todo. Vivemos num mundo marcado mais pelas emoções do que pela razão. É inegável que a razão hodierna é orientada para fins imediatistas.

Se a modernidade foi caracterizada por propósito, ordem e confiança na razão; vivemos na pós-modernidade tempos de diversão, anarquia e irracionalidade. Como afirma o filósofo Gilles Lipovetsky: “o mundo hipermoderno está desorientado, inseguro, desestabilizado, não ocasionalmente, mas no cotidiano, de maneira estrutural e crônica”[4].

É urgente, portanto, o convite à pensar a vida e a fé. Que possamos abandonar a anestesia reflexiva e responder positivamente ao convite de Deus:

“ 'Venham, vamos refletir juntos', diz o SENHOR” (Isaías 1.18).


[1] PIPER, John. Pense. São José dos Campos: Fiel, 2011, p.122.
[2] CRAIG, William Lane; MORELAND, J. P. Filosofia e cosmovisão cristã. São Paulo: EVN, 2005, p. 28.
[3] BLAMIRES, Harry. A mente cristã. São Paulo: Shedd, 2006, p.15.
[4] LIPOVETSKY, Gilles; SERROY, Jean. A cultura-mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.18.

7 de nov. de 2011

O Brasil pós-evangélico


Um breve desabafo
Por Davi Lago



As projeções da SEPAL apontam a consolidação da igreja evangélica como maior força religiosa no Brasil em 2020.

A grande pergunta é: como será o Brasil pós-evangélico?

A verdade é que hoje a igreja incha e a sociedade brasileira não é transformada. Continuam os altos índices de criminalidade, divórcio, consumo de drogas, corrupção, etc.

Uma conclusão óbvia: ainda não há avivamento, há inchamento.

Igrejas cheias de pessoas vazias.

A verdade é que hoje grande parte dos evangélicos brasileiros não acreditam no evangelho. Na verdade, sequer sabem o que é o evangelho.

Quando os evangélicos vão parar de realizar cultos diabocêntricos onde cada ação é feita “para o Diabo ouvir”?

Quando os evangélicos compreenderão que o culto não é para “receber algo de Deus”, mas para nos apresentarmos diante de Deus como sacrifícios vivos?

Quando os pastores compreenderão que o propósito da pregação é alimentar as ovelhas e não divertir os bodes?

Quando esse povo vai parar de dar ordens em Deus e decretar coisas que nunca acontecem?

Gandhi disse: “Em Cristo eu creio; eu não creio é no seu cristianismo”. O mesmo dizem muitos dos críticos contemporâneos ao cristianismo.

A nova geração precisa acordar, voltar-se para as Escrituras, lutar com Deus em oração e clamar: “Poupa o teu povo, Senhor. Não faças da tua herança objeto de zombaria e de chacota entre as nações” (Joel 2.17).

4 de nov. de 2011

A espiritualidade de Steve Jobs

O que o gênio da Apple pensava sobre Deus, Cristo e salvação

    

Por Davi Lago

Steve Jobs contou tudo o que pode de sua vida, com exclusividade, para o repórter Walter Isaacson, da revista Time. O resultado dessa série de conversas que durou dois anos é a biografia oficial de Steve Jobs, lançada esse mês pela Companhia das Letras.
O livro indica em diversos trechos que Steve Jobs queria crer em Deus, mas em determinados momentos de sua vida não conseguia crer. No entanto, fica claro em vários de seus depoimentos que ele tinha uma grande abertura para a fé e realmente queria acreditar na vida após a morte.


Steve Jobs abandona a igreja luterana


Na biografia, Steve Jobs revelou que era frequentador de uma igreja luterana na sua infância. No entanto, aos 13 anos de idade, Jobs discutiu com seu pastor sobre Deus e o problema do sofrimento humano. Como o clérigo não soube responder suas perguntas com propriedade, Steve Jobs decidiu nunca mais voltar a igreja.


Steve Jobs e sua jornada espiritual na Índia


Aos 19 anos, Jobs tornou-se vegetariano radical, zen-budista e consumidor de LSD. Havia um grande anseio pelo trascendente em seu interior. Esse anseio o levou a viver sete meses na Índia. Sobre essa esperiência Jobs disse: “Para mim, era uma busca séria. Eu estava ligado a uma ideia de iluminação e tentando descobrir quem eu era e como eu me encaixava nas coisas”[1]. Um dos grandes amigos de Jobs, Daniel Kottke afirmou: “Havia um buraco nele, e ele tentava preenchê-lo”[2].
O biógrafo Isaacson disse: “O interesse pela espiritualidade oriental, o hinduísmo, o zen-budismo e a busca por iluminação não era apenas uma fase passageira de um garoto de dezenove anos. Ao longo de sua vida, ele tentaria seguir muitos dos preceitos básicos das religiões orientais”[3].


Steve Jobs e seus acordos com Deus


Posteriormente, Steve Jobs afirmou sobre seu filho Reed Jobs: “Quando fui diagnosticado com câncer, fiz um acordo com Deus, ou seja lá quem for, que era que eu realmente queria ver Reed se formar”[4].


Steve Jobs, Jesus e o cristianismo


Sobre a fé cristã Jobs disse: “O cristianismo perde sua essência quando fica baseado demais na fé em vez de viver como Jesus ou ver o mundo como Jesus o viu. Acho que as diferentes religiões são portas diferentes para a mesma casa. Às vezes, acho que a casa existe, e às vezes não. É o grande mistério”[5].


Últimas considerações de Steve Jobs sobre Deus e a vida após a morte


Jobs afirmou bem no fim da vida: “Sobre acreditar em Deus, sou mais ou menos meio a meio. Durante a maior parte de minha vida achei que deve haver algo mais na nossa existência do que aquilo que vemos. Gosto de pensar que alguma coisa sobrevive quando morremos. É estranho pensar que a gente acumula tanta experiência, talvez um pouco de sabedoria, e tudo simplesmente desaparece. Por isso eu quero realmente acreditar que alguma coisa sobrevive, que talvez nossa consciência perdure. Mas, por outro lado, talvez seja como um botão de liga-desliga, Clique e a gente já era. Talvez seja por isso que eu jamais gostei de colocar botões  de liga-desliga nos aparelhos da Apple”[6].




[1] ISAACSON, Walter. Steve Jobs. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.64.
[2] ISAACSON, Walter. Steve Jobs. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.64.
[3] ISAACSON, Walter. Steve Jobs. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.67.
[4] ISAACSON, Walter. Steve Jobs. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.287.
[5] ISAACSON, Walter. Steve Jobs. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.33.
[6] ISAACSON, Walter. Steve Jobs. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.586.

3 de nov. de 2011

Parabéns para minha Naty!



Hoje é aniversário da minha amada esposa Natália.

Em 3 de novembro de 1985 ela nasceu. Enquanto a doce menina chorava, seus pais sorriam. Deus presenteou o mundo. Em Belo Horizonte nasceu uma diva, Natália Sabrina Assunção.

Ela nasceu com a música dentro dela.

Ludwig Beethoven disse: “Milhares de pessoas cultivam a música; poucas, porém, têm a revelação dessa grande arte”. Natália é uma dessas poucas pessoas.

O choro dela era harmonioso. O silêncio dela era uma pausa musical.

Te amo Natália.

Te amo minha soprano.

Te amo para sempre,

Davi.

2 de nov. de 2011

Memórias futuras de Crás Bubas

Subvertendo Machado de Assis
Por Davi Lago



Hoje quero falar de algo que fiz amanhã.

Eu estava justamente pensando que escrevi isso hoje.

Ou seja, amanhã eu lembrei que hoje eu escrevi sobre algo que eu pensei amanhã mesmo.

A profecia fracassada de Stalin


Breve observação sobre uma frase infeliz
Por Davi Lago


Joseph Stalin disse em 1942: “Aqui, na Praça Vermelha, em Moscou, o comunismo irá enterrar o cristianismo”.

A União Soviética se desfez e o regime comunista foi enterrado na Rússia.

O cristianismo permanece de pé.